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No dia 28/06/06, a Gerdau Açominas comemorou 20 anos de operação integrada da Usina Presidente Arthur Bernardes. Veja o Discurso do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva e publicação do Jornal O Tempo – Dom Luciano Mendes de Almeida, arcebispo metropolitano de Mariana. UNIÃO ENTRE CAPITAL E TRABALHO NA AÇOMINAS É INÉDITA NO PAÍS Dez anos após a privatização, a experiência de empregados que também são sócios da empresa é o mais bem-sucedido exemplo do país Feliz com a concretização de um sonho iniciado há dez anos, à custa de muito empenho e sacrifícios, na entrevista a seguir, Marco Antônio Pepino, presidente do CEA – Clube de Participação Acionária dos
Empregados da Açominas -, lembra os momentos mais marcantes dessa história inédita no setor empresarial brasileiro. Na AÇOMINAS, os empregados são sócios com direito a voto e participam decisivamente da gestão da Empresa, desde a sua privatização, em 1993.
Como surgiu a ideia da criação do CEA?
Por volta do segundo semestre de 1992, logo após a inclusão definitiva da AÇOMINAS no Programa Nacional de Desestatização (PND), conversando com a Diretoria da AÇOMINAS, verificamos que a empresa estava em fase final do equacionamento de suas dívidas, vários ajustes já haviam sido feitos ou estavam em fase final de efetivação e fizemos, então, uma pergunta: como os empregados poderiam participar desse processo? A partir dessa simples pergunta, porém, de importância fundamental no nosso destino, iniciaram-se contatos com as várias entidades ligadas aos empregados, buscando discutir uma forma de participação no processo de privatização da Empresa. De nossas conversas, seguidas de sucessivos alinhamentos de pontos de vista, decidimos criar uma comissão pró Clube de Investimentos dos Empregados da Açominas. Essa comissão era formada pelas mesmas entidades que, mais tarde, iriam compor o Conselho do CEA. Coube a essa comissão estudar a essência do PND e traçar os objetivos que resultaram na criação do CEA.
O PND foi assumido pela Comissão Diretora do Programa Nacional de Desestatização (CDPND) e teve o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como gestor.
Integrantes da Comissão Pró-Clube de Investimento, formada em 19/08/92, embrião do futuro CEA
Marco Antônio Pepino
Bernardino Coelho da Silva
Francisco Campos de Almeida
José Francisco de Oliveira
Alzemar Alves Silva
Marcos Augusto Erse Barata de Pinho
Rogério Tanure Pereira
Saul Rocha Dias
Marcelo Diab Abras
Como se deu a evolução de Comissão para Clube?
A comissão foi a primeira forma jurídica pela qual nos apresentávamos à sociedade em geral, quer no plano público quer no plano privado. Através dela iniciamos uma série de visitas em empresas que já haviam passado pelo processo de privatização, formamos grupos para analisar o edital, iniciamos reuniões internas para discussão do processo e várias outras ações. Uma das principais ações dessa Comissão foi a análise do PND, que estabelecia regras para que os candidatos pudessem participar do leilão. No edital, havia um capítulo específico que dava aos empregados o direito de participar do processo, adquirindo até 10% das ações, ao preço mínimo de avaliação. Não se falava em gestão. Nós então aprofundamos o estudo da lei e percebemos que ela falava muito em democratização do capital e participação de trabalhadores no processo de gestão. Buscamos inclusive identificar formas de participação na gestão, em países da Comunidade Econômica Europeia, que já tinham vivido aquela experiência e, nos Estados Unidos, através dos Fundos de Pensão. Com base no estudo e avaliação do somatório das experiências em vários desses casos, partimos então para a definição de nosso modelo que, inclusive, definiu o nome do Clube e o nosso principal objetivo. Finalmente, em agosto de 1993, estando todas as premissas e diretrizes alinhadas, transformamos a Comissão em Clube de Participação Acionária dos Empregados da Açominas – CEA.
Por que criar um Clube de Participação Acionária e não um Clube de Investimentos?
Não queríamos apenas um Clube de Investimentos, como os que haviam sido criados na maioria das outras empresas privatizadas, onde os empregados, no papel de simples investidores adquiriam ações e, depois da privatização as revendiam, lucrando ou não com a sua possível valorização. Queríamos influir firmemente, de forma responsável, nos caminhos que a Empresa deveria trilhar. Por isso, criamos o CEA. Por isso, usamos de todo o nosso poder de convencimento para influenciar o BNDES na revisão do edital, de forma que os empregados tivessem o direito de adquirir não só 10% das ações, mas 20%, com direito a voto com financiamento junto ao BDMG, além de assento permanente no Conselho de Administração, influenciando na gestão da Companhia.
Foi uma atitude inédita na história brasileira?
Se é novidade hoje, imagine há dez anos! Foi a primeira vez que um grupo de empregados apresentou ao PND uma proposta firme para participar do Conselho Diretor da Empresa após a sua privatização, com direito a voto, representado por um número expressivo de ações, adquiridas da mesma forma que os outros sócios-empresários.
Mas como, finalmente, o CEA foi estruturado?
Começamos buscando a união de todas as entidades, já participantes da Comissão, em torno de objetivos comuns, de forma a garantir os interesses dos empregados da AÇOMINAS. Essas
Posteriormente foi elaborada a nossa Carta de Princípios, primeiro documento do CEA, em que estabelecemos as diretrizes da nossa linha de pensamento e de ação. É com base nessa Carta que a nossa ação é determinada. Em seguida, criamos o Estatuto do CEA, onde nos organizamos juridicamente em uma associação civil sem fins lucrativos, consolidando o objetivo de gerir os interesses dos empregados-sócios na empresa AÇOMINAS.
Associação dos Empregados da Açominas – AEA, Associação dos Aposentados da Açominas – AAA, Sindicato dos Metalúrgicos de Ouro Branco, Cooperativa de Consumo dos Empregados da Açominas – COOPERAÇO, Cooperativa de Crédito dos Empregados da Açominas – COOPAÇO, Associação dos Técnicos Industriais de Ouro Branco – ATIOB e a Fundação Açominas de Seguridade Social – AÇOS.
Formar uma sociedade com sete entidades não parece ser uma coisa fácil. Como foi possível garantir a união de todas elas?
Pelo reconhecimento do interesse comum, que é a preservação da Empresa, para benefício de todos nós e da sociedade brasileira. Como todas as decisões do CEA são precedidas de exaustivas discussões até chegarmos ao consenso, nós estamos sempre fortalecidos, representando o desejo coletivo de milhares de empregados.
O que contém a Carta de Princípios?
É um documento que funciona como uma bíblia para nós, pois os princípios nela contidos são valores imutáveis, fundamentados na ética que norteia nossas ações. Eles tratam da gestão participativa e compartilhada da Empresa, da transparência nas relações com os clientes, fornecedores, empregados e comunidade, da responsabilidade social e voluntariado, de uma atuação ambientalmente responsável, entre outros. Por ter sido um documento fruto de muito debate e reflexão, essa Carta de Princípios – que já antevia o futuro quando citava valores como voluntariado, responsabilidade social na sua forma mais profunda e questões como educação, preocupação com o meio ambiente e com o desenvolvimento da comunidade que nos cerca há dez anos – continua atual. Como ela é parte integrante do nosso Acordo de Acionistas, estabelece também uma relação de convivência societária com os demais sócios.
Quais foram os momentos mais marcantes da história do CEA?
Foram vários, talvez 120 momentos marcantes. Um para cada mês de nossa existência, mas podemos resumi-los da seguinte forma:
a) O primeiro momento marcante foi quando conseguimos vencer a surda, porém intensa luta travada nos bastidores do BNDES, seguido imediatamente pela adesão de 100% dos empregados para a compra de ações da Empresa no leilão da privatização.
Além de promover mudanças no edital da privatização, conseguimos um financiamento do BNDES/BDMG que possibilitou que todos os empregados adquirissem o mesmo número de ações, tornando-se igualmente sócios da Empresa, além, é claro, de termos vencido o leilão de privatização.
b) O segundo momento foi a crise societária pela qual tivemos que reconstruir a Empresa – já o tínhamos feito na privatização, lutando de todas as formas para termos o direito natural e sagrado de permanecermos vivos. Foi um ano e pouco de tensões inimagináveis e constantes.
c) O terceiro momento foi quando convidamos a NatSteel e a Gerdau para comporem a nossa sociedade e, diante de pressões novamente inimagináveis, conseguimos exercer o nosso direito de preferência na aquisição das ações do BCN e da Villares que estavam a venda, garantindo outro sagrado direito – o de escolha – e permitindo definitivamente a entrada da Gerdau e NatSteel no nosso quadro societário. Um momento muito marcante em seguida a este episódio foi a inauguração das obras da Etapa A, que serviu como um grande desabafo e prova de nossa competência histórica, pois em todos esses momentos, coube ao CEA a liderança do processo. Na época escrevemos um artigo no JA falando da festa e, lembrando de Chico Buarque dissemos: “Como foi bonita a festa Pá!”
d) Um momento particular que não foi ainda registrado nos anais de nossa história foi a primeira conversa com o nosso escritório de advocacia, logo após termos conhecido a fantástica pessoa de nosso advogado e conselheiro Dr. Guilherme Rezende. Não tínhamos ainda recursos para contratar um escritório daquele porte e tivemos uma reunião com o saudoso Dr. Gilberto Ulhoa Canto, um dos maiores tributaristas que este país já teve, e com o Dr. Condorcet Rezende, ambos sócios do escritório. Após horas explicando o projeto do CEA, Dr. Gilberto, fumando o seu conhecido cachimbo, olhou-nos firmemente e disse alguma coisa parecida com “para se fazer uma história tão bonita e cheia de fé, não precisaríamos, naquele momento, de recursos, mas sim da nossa inabalável vontade e de amigos que nos ajudassem. E eles estavam ali como amigos.”
Poderíamos ficar aqui, relembrando cada um de todos os momentos seguintes como a decisão de implantação da Laminação dos Perfis e, mais recentemente, do Fio-Máquina, até porque cada minuto de nossa existência já é naturalmente marcante, pelo simples fato de estarmos vivos e lutando pelas nossas idéias.
Fale um pouco de como foi o episódio da crise pós-privatização.
Foi em 1994, o ano mais longo de nossas vidas. Também aconteceu um fato inédito: ao percebermos os desvios e a materialização dos conflitos de interesses, praticados pelo sócio que assumiu a direção da AÇOMINAS, denunciamos o problema para os demais sócios. Em seguida iniciamos um processo de mudança que passou pela substituição da gestão equivocada do antigo sócio controlador, criação de um novo Acordo de Acionistas com CVRD/ECONÔMICO/BDMG/VILLARES/BCN, que permitiu iniciar o segundo programa de recuperação da AÇOMINAS – um processo complexo e novo para nós, empregados. Comparo todo o episódio com uma metáfora onde um passarinho recém-nascido cai do ninho e tem que aprender a voar sozinho na queda, para sobreviver. Foi o que se passou com o CEA.
Como conseguiram vencer essa crise?
Paralelamente à solução da crise societária, os representantes dos acionistas, capitaneados pelo CEA, tiveram que tomar, ao final de 1994, uma série de medidas para reconstruir a Empresa, agora sem qualquer apoio do poder público. A primeira delas foi buscar a experiência e a competência do Dr. Luiz André Rico Vicente para dirigir a AÇOMINAS. Aliás, foi através de um telefonema meu, até engraçado no momento, pois Luiz André estava na sua fazenda e foi convocado, digo convocado sem direito a dizer não, para executar essa complexa tarefa, pelos sócios reunidos em São Paulo. Ele trouxe consigo a antiga diretoria que já havia preparado a Empresa para a privatização e que conhecia todos os seus principais pontos fortes e fracos. Dela participaram o Jorge Donato, Fernando Barbosa, Omar Fantoni e, poucos meses depois, o Álvaro Polido, ou seja, trouxemos uma equipe de profissionais da melhor qualidade que havia no mercado. Nem por isso o desafio foi simples de ser vencido. Pelo contrário. Foi preciso fazer novamente ajustes em todas as áreas da Empresa, quer sob o ponto de vista financeiro, operacional, comercial e, inclusive, nos quadros da AÇOMINAS. Mas esses últimos foram feitos com uma profunda visão do impacto social que causariam. Desta forma procuramos garantir um espaço para a empregabilidade na região, incentivando as cooperativas e outras empresas que continuam prestando serviços de forma competitiva para a Empresa. Em 1995, conseguimos retirar a AÇOMINAS do caminho do abismo e fizemos o nosso segundo Acordo de Acionistas, vigente até hoje.
E o que significa esse Acordo de Acionistas?
Ele se baseia na nossa Carta de Princípios. Defende os nossos interesses de participar na gestão da Empresa, enquanto empregados-sócios, de maneira que não gere conflitos com os interesses da Companhia. No fundo ele regula as relações societárias de forma clara e transparente, não permitindo desvios de qualquer ordem que firam os interesses de todos os acionistas, inclusive os minoritários. Ele busca refletir de forma sumária aquilo que já está previsto na Lei das S/A, na qual nos inspiramos ao elaborar nossa Carta de Princípios.
E como conseguiram iniciar o saneamento da AÇOMINAS?
A transparência e a solidariedade com que a Empresa foi administrada, sem contar com nenhum recurso de fora, além da competência dos gestores e de todo o corpo funcional em todos os seus níveis. Foi o que deu à Empresa segurança e credibilidade para fazer os dois processos de capitalização no exterior. Demos início à Etapa A, de investimentos no processo de produção e tornamos a AÇOMINAS atrativa para a entrada de dois novos sócios: a NatSteel e a Gerdau – dois grupos que aceitaram também a nossa Carta de Princípios e respeitaram nosso Acordo de Acionistas. Esse foi outro momento marcante em nossa história, pois impedimos a entrada de grupos que sabíamos que não iriam respeitar os interesses da AÇOMINAS e, por conseqüência, os dos empregados-sócios.
Grandes emoções foram vividas nesse período, até iniciarmos o processo de capitalização, por orientação do próprio Conselho, que foi presidido, a convite do CEA e utilizando de uma vaga que o mesmo detinha no Conselho de Administração, pelo Wilson Nélio Brumer. Ele trouxe sua experiência como executivo da CVRD e Acesita, nos emprestou seu know-how e solidariedade amiga para que conseguíssemos honrar as dívidas herdadas, sem atrasar salários e nem o pagamento aos principais financiadores.
Na eterna luta entre capital e trabalho, como o CEA conseguiu conciliar esses dois interesses, já que são trabalhadores e, ao mesmo tempo, acionistas e gestores da Empresa?
Explicamos para as pessoas que não basta ser sócio para se apropriar dos resultados. Essa era uma confusão que existia: “Já que eu sou sócio e empregado, me dá aqui a minha parte”. Ora, se todos fizessem isso, aconteceria o que aconteceu em 1994, quando um sócio quis fazer isso e o rombo foi de todo mundo. Então, tivemos de lembrar às pessoas que caberia a nós darmos o exemplo e que o conflito de interesses nunca poderia partir de dentro do CEA. Abuso de acionista controlador quando fomos os principais controladores, nem pensar. Nós falávamos que nossos princípios iriam levar-nos ao binômio empregado-sócio, no qual as pessoas teriam que pensar empresarialmente como sócio e pensar coletivamente como empregado. A sua apropriação do lucro se daria através dos dividendos, que é a remuneração do capital para os sócios de uma empresa bem-sucedida. E se a empresa é bem-sucedida, os empregados poderiam, como hoje podem, ter resultados financeiros adicionais através de participação nos resultados e de uma remuneração justa e moderna. Foi o que aconteceu. Estávamos e estamos certos
E o que o empregado-sócio ganhou com isso?
Lembramos que um empregado-sócio tem condições de ganhar duas vezes com a consolidação financeira da Empresa: como empregados, tiveram uma melhoria sensível nos seus benefícios, como educação, saúde, lazer, cultura, salários mais dignos, uma boa política de Recursos Humanos numa Companhia preocupada com o desenvolvimento dos empregados que, na condição de sócios, se apropriaram do capital que eles ajudaram a formar, por meio do pagamento de dividendos (uma parcela do lucro da companhia que é destinada aos acionistas). Foram pagos dividendos referentes aos exercícios de 1994, 2000, 2001 e 2002. E esperamos continuar a pagá-los cada vez mais, de forma ascendente.
É bom lembrar que os empregados-sócios não desembolsaram um único centavo até hoje, pelos custos do financiamento para aquisição das ações, fato devido não à obrigação do CEA em fazê-lo, mas graças a sua competência e honestidade na gestão e obtenção de recursos para essa finalidade.
É bom lembrar, ainda, que o nosso Fundo de Pensão (a Aços), que é também um de nossos parceiros estratégicos, detém uma situação atuarial de fazer inveja e que garante a nossa tranqüilidade no futuro. E tudo isso – e mais o que a memória pode lembrar – e mais algumas coisas que não, simplesmente surgiram do nada? Não, até porque, como diz um amigo nosso, o nada não produz nada mesmo. Foram todos resultados de ações planejadas que estão relatadas em nossa Carta de Princípios.
Nesta história de lutas contínuas, como foram os relacionamentos com os membros do Conselho?
O nosso relacionamento foi sempre conduzido da forma mais respeitosa, honesta e franca. Sempre identificamos claramente as nossas idéias e o projeto que estava dando sustentação a elas. E acreditamos que conseguimos obter a amizade solidária de muitos daqueles que tivemos a honra de conhecer.
Não podemos esquecer da participação amiga e conselheira do Ricardo Soares da Rocha, que representava o Banco Econômico e compartilhou angústias nos momentos mais difíceis. Nem tampouco do Dr. Ângelo Calmon, que soube entender nossas dificuldades e, de forma conselheira e companheira, ajudou-nos com um jeito bem mineiro, nos momentos em que mais precisávamos.
Do nosso colega de Conselho Luiz Fernando Perez que, muitas vezes, sentiu angústias sobre as quais não tinha ação, mas demonstrava confiança e apoio na nossa condução.
Dos nossos antigos colegas da CVRD como o Vicente Wright, José Augusto França Guimarães, Francisco Roan de Lima, Tito Botelho Martins, Armando Minto, Manoel Cordeiro, Gabriel Stoliar, Guilherme Gazola, Francisco Schettino, Anastácio Fernandes e, mais recentemente, nossos amigos Jório Dauster e Roger Agneli, que desde o momento da privatização hipotecaram solidariedade societária no mais alto grau.
Dos nossos amigos cingapureanos da NatSteel, representados pelo Mr. Ang, Chua K.L., Lin S.Y. e pelos brasileiros Marcos Paiva e Vitor Costa, que recentemente nos deixaram mas que continuam com uma profunda ligação de amizade reforçada pelo convívio honesto e solidário.
Do nosso amigo e ex-Conselheiro do CEA Leonardo Mesquita Grandi, com o seu jeito particular e amigo de tratar as coisas, sempre dando o apoio crítico e incondicional nos momentos mais complexos.
E isso sem falar do nosso conselheiro, companheiro e irmão Dr. Guilherme Rezende, que junto com a equipe de Ulhoa Canto, Rezende e Guerra, sempre nos ensinou o caminho correto da legalidade institucional.
Não podemos esquecer de todos aqueles para os quais me dirijo, sem citá-los, mas que sabem eles, que estamos com os seus nomes, mais do que vivos em nossa memória, e que temos o mais profundo respeito e gratidão pelo apoio silencioso, porém fundamental nos momentos passados, presentes e futuros de nossa existência.
Enfim, todo o nosso relacionamento foi e sempre será engrandecedor, na busca de uma Empresa e de um projeto em que as pessoas ocuparam para sempre o seu lugar como sujeito da História, e não como simples objeto da mesma.
Considerando que hoje a AÇOMINAS possui Gerdau e CEA como sócios controladores, como se dá o relacionamento entre essas partes aparentemente conflitantes no contexto do capital e do trabalho?
Para explicar tal relacionamento precisamos entender que temos princípios comuns que nos unem. Temos respeito pelo outro e entendemos nossas eventuais desavenças como algo que, de forma honesta e franca, sempre caminham para um consenso.
Aliás, sempre foi assim. Neste particular tivemos, à época da privatização, discussões calorosas quanto aos nossos objetivos.
Posteriormente, nossa sociedade foi selada a partir de um único telefonema dado por minha pessoa ao Jorge Gerdau, onde definimos nossos princípios e os alinhamos. Ao convidarmos a Gerdau para que pudesse colaborar no crescimento da AÇOMINAS, buscamos identificar nesse parceiro um perfil especialmente adequado aos negócios da Companhia, com notória competência e competitividade no setor, comprovada retidão ética no trato dos negócios e nas relações societárias e, ainda, com forte e consolidada posição financeira. Temos certeza que esse foi um processo de amadurecimento para ambas as partes. Hoje temos certeza de estarmos representando o que existe de mais avançado na relação entre capital e trabalho. Estamos realmente construindo história com H maiúsculo. E tal construção sólida é feita pedra por pedra, vergalhão por vergalhão, perfil por perfil. Estamos atingindo um grau de relacionamento que permite às partes compreender o problema de cada um sem, contudo, concordar incondicionalmente. E temos a franqueza de buscarmos soluções que novamente nos coloquem nas bases dos princípios que nos uniram: fazer da AÇOMINAS uma empresa referência de caráter mundial.
Falando um pouco do lançamento do PLP (Planejamento de Longo Prazo da Açominas), lembramos que se estabeleceu a meta de retorno de 15% do capital investido para os acionistas. O empregado associado ao CEA também ganha com isso?
Sim. Volto a lembrar que o CEA também colocou dinheiro nessa Companhia. Quando reduzimos nossa participação na capitalização da AÇOMINAS, para que Gerdau e, na época, a NatSteel, pudessem fazer parte do quadro societário, optamos por ter uma Empresa mais saudável econômica e financeiramente, ainda que com nossa participação reduzida. Quando adquirimos parte das ações da CVRD, o fizemos, pois, acreditamos que era um bom negócio. O nosso negócio. Quando os acionistas Gerdau e CEA falam que querem uma rentabilidade de 15% em cima de um investimento realizado, significa que estamos querendo mais recursos da Companhia para investir na Companhia. É bom lembrar que parte desse dinheiro retornará como investimento, gerando mais lucro e parte retornará como dividendos, sob a forma de remuneração do capital para os sócios e, neste caso, os empregados-sócios do CEA.